O comércio varejista brasileiro, que inclui hiper e supermercados, cresceu em vendas no primeiro semestre de 2023, conforme pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O aumento de 1,3% registrado na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) nos primeiros seis meses do ano tem grande contribuição dos hiper e supermercados. Considerando apenas as vendas neste setor, o crescimento atingiu 2,6% em junho, com destaque para o mês de abril, que teve alta de 3,6%.
De acordo com Marcos Escudeiro, conselheiro, mentor e pesquisador de varejo, as empresas que têm capacidade de enxergar a movimentação na renda do consumidor, não perdem as oportunidades. “Você adia a compra de uma TV, de uma calça, mas comida é todo dia. Se tem uma crise de renda, é hora de conquistar o consumidor e algumas empresas escolhem perder parte de sua margem para que isso aconteça”, sugere.
Para Paula Sauer, professora de economia da ESPM, o consumo do varejo é muito sensível ao cenário econômico e a esperada queda na taxa dos juros melhora o humor do consumidor. Nesse cenário, segundo a professora, os brasileiros se sentirão motivados a aumentar seu padrão de consumo ou incluir produtos na cesta que foram excluídos em momentos mais delicados. “Não se espera ainda uma queda nos preços dos alimentos aos valores do período pré-pandemia, mas, de uma maneira geral, o brasileiro provavelmente terá uma mesa mais farta até o final do ano”, afirma.
Variáveis e controle de sortimento
De acordo com Sauer, os preços mais baixos de muitos itens da cesta estão relacionados à queda no custo de produção. “Safras mais generosas refletem em ração mais barata e isso reduz o preço da carne, do frango, dos ovos, entre outros produtos. Um aumento no custo de produção devido a uma restrição na importação de produtos, como a guerra na Ucrânia, por exemplo, é uma variável que pode impactar o preço dos alimentos. Aumento na taxa de desemprego ou queda no índice de confiança do consumidor também podem impactar”, explica a professora de economia da ESPM.
Segundo Marcos Escudeiro, as redes de supermercados precisam perceber a oportunidade quando a população passa por desafios na economia. ”Isso se traduz em ganhar mercado em uma área muito disputada. Em geral, as empresas que percebem as mudanças do mercado, especialmente em uma crise, tendem a ganhar mercado. Quando as redes de supermercados têm total controle do sortimento de produtos, por exemplo, podem alcançar sucesso e crescimento em períodos difíceis”, acredita o mentor e pesquisador de varejo.
Paula Sauer entende que, diante do cenário atual, os próximos seis meses devem apresentar bons números com base na estabilização da queda de desemprego, queda na taxa de juros, datas festivas e, principalmente, pela restituição do Imposto de Renda. “O consumidor brasileiro, de uma maneira geral, tende a gastar essa remuneração com produtos mais festivos. Mesmo aqueles que têm dívidas, recebem esse recurso de maneira diferente. É o que chamamos de contabilidade mental e isso é bem positivo para as vendas de supermercados”, completa.
Eu acredito, que as vendas continuarão crescendo , também , nesse segundo semestre, pois os meses dos “ BROS “, – Setembro/Outubro/Novembro/Dezembro – sempre foram de grande movimento no comércio consumidor.