Nos últimos anos, os debates sobre Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I, em inglês) se tornaram cada vez mais recorrentes nas empresas e na mídia. Ao fazer um recorte do segmento de supermercados, as grandes redes já têm seus guias e cartilhas bem definidos. Mas será que, na vida real, o Autosserviço evoluiu com relação ao conceito?
Para entender o cenário atual, a SuperVarejo entrevistou a CEO da CKZ Diversidade, Cris Kerr. Confira abaixo os principais insights da conversa.
Lacunas do setor
Para a especialista, a maior parte do varejo ainda não começou a trabalhar a questão DE&I da maneira que deveria. “Muitas empresas nos procuram para dar uma palestra, mas sempre pontuamos que é preciso fazer um trabalho aprofundado, entender a cultura, os valores da empresa e de que modo podemos trazer diversidade e inclusão. Não dá pra fazer uma ação paliativa”, explica.
Além disso, Cris pontua que, de fato, há uma escassez de grupos minorizados, principalmente ao analisar a alta gestão, onde faltam mulheres, pessoas com deficiência, negras, LGBTQIA+, obesas e com mais de 50 anos. “Quando a gente olha, principalmente a alta liderança, ainda tem uma maioria de homens brancos heterossexuais. Esse é um perfil bem comum dentro das empresas de varejo que temos estudado.”
Como praticar a inclusão
É importante olhar para dentro da organização, e essa é uma missão que abarca todos os departamentos da empresa, e não apenas o de Recursos Humanos (RH). “É preciso treinar e trabalhar vieses inconscientes, mas é um tema que todos precisam estar ligados”, acrescenta. Também é importante estar atento às condutas da cadeia de fornecedores.
Ter multiplicadores de diversidade e inclusão e fazer um censo interno são ótimas ferramentas para obter dados quantitativos e entender, por exemplo, quais grupos precisam ser mais representados no alto escalão e quais ações afirmativas fazer para aumentar esse volume.
Para além dos números, também é importante entender como as pessoas estão se sentindo. “O censo é importantíssimo, pois ele dará embasamento para fazer os cruzamentos das questões relacionadas à inclusão, equidade e pertencimento.”
Essa solução pode ser útil, inclusive, para o planejamento estratégico de supermercados de menor porte. “A empresa que não tem condições de contratar uma consultoria pode fazer um levantamento: quantas mulheres e quantos homens eu tenho, quantas pessoas por raça e cor — fazer o mínimo para entender”, explica Cris. O que não vale é levar o conceito a sério apenas na teoria.