A pesquisa da Galunion Consultoria, especializada no setor de alimentação fora do lar, realizada no período de julho a agosto, mostrou o quanto a vacinação tem transformado os hábitos das pessoas e, consequentemente, impactado nos negócios e na sociedade. Os dados mostram, por exemplo, que este ano 13% dos respondentes tiveram aumento na renda, 44% estão com a renda inalterada, 29% sofreram diminuição e 14% estão vivem sem nenhuma renda no momento. Comparada a edição anterior — realizada no mesmo período de 2020 —, 76% das pessoas estavam trabalhando, mas este ano o número caiu para 64%. Além disso, 35% voltaram para o trabalho (100% deles presencial contra 26%).
Em termos de restrição no orçamento ou corte nas despesas, 57% dos 1.102 entrevistados (entre homens e mulheres das classes ABC, em todo o território nacional) disseram que pretendem reduzir os gastos com comidas em bares, restaurantes e viagens. Por outro lado, 94% dos entrevistados pretendem estar ou estarão vacinados até o final de 2021; 35% voltarão a trabalhar 100% presencialmente e 36% seguirão com o trabalho híbrido no mesmo período.
“Considerando os 15% que trabalharão 100% do tempo em casa, 80% irão comer algo feito em casa, 22% preferem pedir delivery e 15% optam por comer comida comprada pronta para comer dentro de casa. Já com relação aos que voltam ao trabalho, 100% presencial, e que representam 35% dos ouvidos, um dado curioso foi a mudança nos hábitos, já que 60% levarão comida feita em casa para o almoço, 30% se sentem mais confortáveis em comer no refeitório da empresa e 15% optam por pedir delivery e comer no trabalho. Apenas 12% escolhem sair para se sentarem e comerem em restaurantes, lanchonetes e padarias. Isso evidencia que, mesmo com a vacina, ainda há uma preocupação de acordo com as preferências ao realizar as refeições, seja dentro ou fora do lar”, explica Simone Galante, CEO e fundadora da Galunion.
O consumo na pandemia
Um dado que deve ser visto com cautela, mostra que, mesmo com a queda no número de casos de COVID-19 no Brasil, 44% têm evitado comer em bares e restaurantes, contra 30% que se sentam dispostos e 26% que não se sentem dispostos. Entre os motivos que levariam os consumidores a consumir em um estabelecimento fora de casa, 58% são devido ao encontro com amigos e família, 48% apenas por necessidade de almoçar e 40% por uma experiência de comer fora, com serviço amigável e de qualidade. “As inovações se destacaram como um diferenciador nessa questão, já que 29% seriam motivados a sair para comer pratos ou menus novos e inovadores e/ou que não podem ser reproduzidos em casa, e 25% pela oportunidade de consumir em ambientes com conceitos novos e interessantes. Isso evidencia a importância de se atualizar para se tornar mais competitivo para os clientes que adquiriram novos hábitos e buscam por novidades”, revela Nathália Royo, especialista em inteligência de mercado na Galunion.
Por conta da pandemia e os cuidados que devemos tomar para não propagar a doença aos demais, 35% veem a higiene e segurança como o principal critério para a escolha de um restaurante, seguido de 22% que escolhem pela oferta de uma comida gostosa e 16% que consideram pagar um preço justo como o principal critério.
Quando a questão dos protocolos de higiene e segurança é levada mais a fundo, sete critérios são os que mais se destacam, por ordem de importância: 81% priorizam o uso de máscara por todos os funcionários, 80% de álcool em gel, 76% o distanciamento entre as pessoas e mesas, 73% o procedimento de higiene na entrada, 71% o uso obrigatório de máscara para consumidores (exceto para comer), 69% o uso de talheres embalados individualmente e 63% a capacidade limitada, de acordo com as instruções oficiais.
Outra alteração notada nesta edição foi com relação a como os espaços abertos e bem ventilados tornam-se importantes na decisão do local de consumo, conforme o quadro abaixo:
“Pudemos verificar que 82% dos consumidores buscam espaços abertos e bem ventilados, ou seja, estabelecimentos que contam com mesas em varandas, salões com grandes janelas, ou espaços abertos e ao ar livre, como mesas nas calçadas. Apenas 5% preferem praças de alimentação em shoppings ou centros comerciais, enquanto 13% não se importam com o ambiente, contanto que seja no local onde desejam consumir. Diante disso, podemos observar muitas marcas que atuam em pontos na rua que reformaram o ambiente para promover esse perfil que passa a ser cada vez mais buscado. A Água Doce Sabores do Brasil, por exemplo, tem 80 unidades com foco de atuação principal em cidades do interior. Apenas neste ano, cinco restaurantes mudaram de ponto ou passaram por uma reforma para proporcionar um espaço aconchegante ao ar livre aos clientes da marca”, analisa Simone.
Já entre os tipos de serviços preferidos, o estudo mostra que houve um equilíbrio. Entre as preferências, 33% optam por serviço na mesa, seja em bares ou restaurantes; 25% não se importam com o tipo de serviço, contanto que seja o local onde desejam consumir; 22% buscam self-service ou autosserviço e 20% preferem efetuar a compra e a retirada dos produtos em guichê ou no balcão de atendimento. Este fator revela que os brasileiros se adaptaram bem às novas formas de consumo que ficaram mais em evidência durante os períodos de pandemia.
A pesquisa ainda levantou as três tendências gastronômicas que os clientes consomem atualmente ou pretendem consumir nos próximos 12 meses.
A comida saudável figura entre as preferidas, com 69%, seguida dos produtos feitos com ingredientes naturais, com 37%, e produtos de fornecedores locais e/ou artesanais, com 33%. Para entender melhor o que eles consideram como comida saudável, o estudo indagou sobre algumas culinárias. Para os respondentes, as opções mais citadas como saudáveis foram: as saladas com 96%, os peixes e frutos do mar com 83% , a comida vegetariana ou vegana (78% ) e a comida brasileira caseira (72%).
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