As transformações atuais trazem novos desafios para o varejo, inclusive para as lideranças. Foi com essa reflexão que o painel temático “Transformação Estratégica” começou suas discussões.
A apresentação dos conteúdos iniciais ficou por conta das painelistas Fernanda Dalben, Diretora de Marketing Dalben Supermercados; e Sandra Takata, Presidente do Instituto Mulheres no Varejo,
Com o tema “Neurociência e Neuromarketing criando novas trilhas para os negócios”, as executivas apresentaram alguns conceitos iniciais sobre Neurociência, a fim de demonstrar como o consumidor cria trilhas em seu cérebro na hora de realizar compras.
“O mundo vem passando por transformações e cada um possui sua própria maneira de mudar e de perceber as mudanças”. Segundo Takata, o desafio atual das empresas é justamente mudar de acordo com a demanda dos estímulos externos que recebem, alinhando seus objetivos às demandas dos clientes, que podem ser totalmente diferentes e subjetivas.
No mesmo sentido, Fernanda Dalben explicou que o neuromarketing é a neurociência aplicada ao marketing, e destacou a importância dos varejistas compreenderem como as pessoas se comportam para conseguir o engajamento necessário para garantir a conversão em vendas.
“95% das nossas escolhas diárias são inconscientes. Então, para fazer com que um consumidor escolha determinada loja ou marca, é preciso entender como ele pensa”, destacou Dalben.
Para finalizar, a painelista apresentou cases que demonstraram como explorar os cinco sentidos humanos é fundamental para garantir mais experiência de compra aos clientes. “Trabalhar com recursos que aguçam os sentidos é algo que, com certeza, gera mais conversões de venda”.
Diversidade como propulsora da inovação
Dando continuidade aos debates da manhã, Vanessa Sandrini, Diretora de novos negócios da JHSF, explicou que, diferentemente do passado, em que a humanidade procurava similaridades para se desenvolver, hoje ela busca as diferenças.
Dessa maneira, Sandrini expôs a necessidade dos organismos corporativos perceberem as oportunidades de evolução a partir da diversidade: “A sociedade deveria funcionar como uma plataforma de desenvolvimento, não de impedimento”, reforçou. Segundo ela, a diversidade é muito capaz de gerar resultados para o varejo, inclusive resultados inovadores.
Como indicadores dos processos de inovação necessários atualmente no universo corporativo, Sandrini apresentou o mapa de tendências gerado pela empresa Facebook para 2022, a partir de uma pesquisa realizada pela Culture Rising.
Os dados levantados indicaram quatro pontos principais que devem ser percebidos pelas organizações. São eles: 1) diversificação de identidades, o que inclui a afirmação das múltiplas identidades e subjetividades dentro dos times de uma empresa; 2) renegociação dos relacionamentos, inclusive a partir das conexões no metaverso; 3) novas aspirações, destacando o empreendedorismo digital e o trabalho flexível; e 4) valores em evolução, com foco no bem-estar e benefícios ao planeta.
Mudar o mindset para transformar as empresas
Mudar uma cultura organizacional não é uma tarefa fácil. Mas, então, qual deveria ser a motivação de uma empresa para gerar transformações nas práticas que já estão estabelecidas? Segundo Isis Borge Sangiovani, Diretora Associada da Talenses, a resposta é simples: mudar é necessário para que as empresas continuem existindo.
Nessa perspectiva, Sangiovani detalhou inicialmente o que é mindset. “Essa palavra que todo mundo fala, na verdade, nada mais é que a configuração que a mente faz para priorizar determinados pensamentos e padrões de comportamento”.
E para mudar o mindset a fim de mudar também determinados pensamentos e comportamentos institucionais, é fundamental que a gestão tenha objetivos muito bem definidos: “É importante que todos na empresa saibam exatamente para onde devem ir e conheçam quais são os benefícios das mudanças”, destacou a especialista.
De acordo com a executiva, é com essa definição objetiva e a prática diária de novas condutas que as empresas conseguem, a médio prazo, transformar realmente suas culturas internas e, consequentemente, obter resultados com as mudanças.
Por que é essencial fortalecer as relações humanas entre a indústria e o varejo através de suas lideranças?
O painel que finalizou os debates deste eixo temático foi totalmente composto por executivas da Nestlé. Beatriz Reginato, Gerente Executiva de Gestão de Pessoas da gigante do varejo, iniciou os debates explicando como a Nestlé compreende internamente que diversidade é sinônimo de respeito, e que valorizar as diferenças é algo capaz de fomentar mudanças muito positivas.
Nesse sentido, Regiane Rios, Gerente Regional de Merchandising, também da Nestlé, ressaltou: “As mudanças também vêm de ambientes de desconforto, porque eles nos ajudam a repensar”. Na Nestlé, por exemplo, a questão da diversidade é trabalhada diariamente. O encontro de culturas divergentes, inclusive no PDV, também é encarado como oportunidades para a marca.
Tatiana Janovitz, Gerente Executiva de Desenvolvimento de Categoria Nestlé, demonstrou como a função do gestor é ampla e nem sempre precisa estar focada em encontrar um candidato que esteja 100% alinhado com as competências necessárias para uma determinada vaga, porque às vezes o objetivo pode ser buscar um candidato cujas expertises sejam complementares e inovadoras para determinada área.
“Eu sou exemplo dessa nova visão aberta à diversidade. Estive durante anos na área do marketing da Nestlé e um gestor identificou em mim o potencial necessário para aproveitar uma oportunidade de trabalho no setor de vendas”, destacou Janovitz.
O Congresso de Gestão da APAS SHOW 2022 terminou hoje (19) e reuniu profissionais experientes que, juntos, produziram e compartilharam conhecimento com os executivos participantes do evento.