Em transmissão ao vivo direto da Itália, o professor e sociólogo Domenico de Masi falou para os presentes no grande auditório da APAS SHOW 2022 sobre as transformações da tecnologia em relação à evolução do ser humano. Na palestra, “O futuro ou é humano ou não é futuro” ele discorreu sobre as necessidades de entendermos o valor de riquezas que não são necessariamente as materiais.
Quem introduziu a fala do italiano foi Luiz Brito, reitor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele reforçou que o futuro é fundamental para quem gera negócios, em especial para aqueles que coordenam instituições de ensino, pois é isso que pauta o conhecimento, defende.
Domenico lembrou que seremos 8 bilhões de cérebros em 2030 interligados entre si, muitos deles vivendo em centro urbanos, e com uma quantidade grande de idosos, em torno de 910 milhões, muito superior aos 420 milhões de hoje. “Isso mostra como a sociedade está em transformação. Teremos uma forte presença das mulheres, que já vivem, em média, cinco anos a mais que os homens. 60% dos professores serão mulheres, muitas com novas configurações de família. São valores que irão colonizar os homens”, acredita.
O pensador ainda reflete que, no século 22, as transformações tecnológicas terão na engenharia genética um grande auxílio para superar doenças, evoluindo o trabalho intelectual do homem, assim como a nanotecnologia e as impressoras 3D farão os objetos se relacionarem com o mundo e os seres humanos de forma mais orgânica, mas é preciso que toda essa evolução tenha reflexo na sociedade.
De Masi entende que o progresso tecnológico também vai ampliar as discussões que hoje são bem estabelecidas. “Certezas do que é belo e feio, entre o que é ciência e o que é fé, o que é tempo e o que é espaço, público e privado, local e global, o que é nômade e o que é estacionário, entre macho e fêmea, inclusive o que é vivo e morto. Todos são conceitos que estão em transformação e que a tecnologia ajuda a evoluir também”.
Por isso, o italiano acredita que é preciso buscar formas de nos desenvolvermos enquanto sociedade, para que problemas já conhecidos não permaneçam, como a concentração de riqueza e a miséria. E destacou que hoje luxo é a disponibilidade de tempo para estar com família, amigos e para apreciar momentos de beleza.
Por fim, ele citou dois grandes brasileiros com quem se identifica: o sociólogo Gilberto Freire e o arquiteto Oscar Niemeyer, de quem destacou a frase “o que importa não é a arquitetura, o que conta na vida são os amigos e o mundo injusto que precisamos modificar”.