O relatório anual de tendências da rede norte-americana Whole Foods, com mais de 500 lojas nos Estados Unidos, Canadá e no Reino Unido, é uma espécie de manual que ajuda os supermercados a entenderem (e atenderem) os novos desejos dos consumidores. Para trazer insights ao setor brasileiro, a pedido da SuperVarejo, a CEO da Galunion Consultoria, Simone Galante, especialista em negócios de Food Service, comenta os principais pontos divulgados na sétima edição do material e explica como adaptá-los à realidade do País.
Antes, a lista com as dez tendências apresentadas pela rede:
1 – Fazendas ultraurbanas: produção de alimentos dentro das cidades, em espaços de alta tecnologia, muitos até com o uso de robôs, levando produtos mais frescos para as lojas de forma mais sustentável.
2 – Yuzu: fruta cítrica do Japão, Coreia do Sul e China, se parece uma tangerina, usada em saladas, molhos, temperos, drinks etc.
3 – Reducitarianismo: em vez de virar totalmente vegetariano ou vegano, o consumidor apenas reduz o consumo de carne e derivados de animais. E quando compra, prefere opções sustentáveis, premium ou orgânicas.
4 – Hibisco: rico em vitamina C, é visto como superalimento e tem sido utilizado em produtos como iogurtes e bebidas.
5 – Destilados/Drinks: em 2021, as bebidas destiladas foram uma das categorias de maior crescimento na rede americana. A tendência deve continuar puxada por coquetéis e inovações em bebidas.
6 – Grãos sustentáveis: o mais conhecido deles é o Kernza®, encontrado em cereais e até na cerveja.
7 – Girassóis: sementes têm sido usadas em preparações como sorvetes e biscoitos, entre outras. Com alto teor de proteínas e gorduras insaturadas, é alternativa para quem tem intolerância a amendoins e castanhas.
8 – Moringa: nos EUA, a folha, que vem desta que é uma árvore típica do sul da Índia e África, é o “novo matchá”. Na versão em pó, tem sido usada em smoothies, pães e molhos, sobremesas, barras de proteína etc.
9 – Funcionalidade: refrigerantes com probióticos e sucos com ervas são algumas das bebidas saborosas que oferecem ingredientes funcionais e nutritivos. A rede também tem registrado aumento de vendas na categoria.
10 – Açafrão: embora seu uso como suplemento para dietas não seja uma novidade, o ingrediente é cada vez mais utilizado em produtos industrializados, como linguiças, cereais e até mesmo sorvetes plant-based (à base de plantas), e não apenas em lattes, chás e suplementos.
Entre todos os pontos mencionados, Simone destaca que as fazendas urbanas são uma tendência mundial alinhada à disponibilidade de mais frescor, que também é realidade no Brasil.
Já o reducitarianismo é a evolução do flexitarianismo. Em vez de uma pessoa ir para uma situação de dieta extrema, prefere uma alimentação em que os impactos para o meio ambiente são reduzidos e, segundo a CEO, esse é um ponto absolutamente importante para o supermercadista ter no radar.
Com a saudabilidade em alta, o consumo de alguns itens do relatório, como hibisco, moringa, refrigerantes probióticos e açafrão é um comportamento que se dissemina, cada vez mais, em vários locais.
Só que o consumidor, neste momento, não busca só a saúde física, mas também a saúde mental. “Na saúde mental a gente enxerga alguns movimentos de indulgência, o que significa eu gerar um ‘autopresente’, uma coisa que me libere das tensões do dia a dia”, acrescenta, justificando a presença das bebidas destiladas e coquetéis na lista. “Isso a gente pode sentir no consumo de drinks mais sofisticados, com a introdução de ingredientes culinários. O consumo de gin tem crescido muito na pandemia, e as pessoas vêm colocando tipos de frutas diferentes e temperos, como manjericão e ervas, para gerar essa experimentação, novidade e momentos de relaxamento e prazer.”
Na lista, destacam-se produtos mais conhecidos pelo consumidor brasileiro, como açafrão e hibisco. Outros, como yuzu e moringa, existem apenas em regiões específicas. De acordo com Simone, entretanto, o mais importante para o varejista não é o produto em si, e sim a função dele.
“Quando a gente olha a yuzu, a fruta cítrica do Japão, ela é usada para gerar frescor e novidade de sabor em salada, molhos, temperos e drinks. Então qual elemento brasileiro pode fazer essa mesma função? Essa é uma das questões que o varejista deve se preocupar”, explica.
O mesmo com relação ao Kernza®: qual grão sustentável o supermercado pode incluir no mix para atender a essa demanda? “É importante para o varejista estar antenado às tendências de consumo no Brasil. A gente tem muitos ingredientes brasileiros fantásticos que podem estar sendo usados localmente e promocionados”, conclui.
Excelente !!!