A atual condição da economia brasileira, já sinalizada para o varejo desde o último trimestre de 2021, com juros altos, inflação elevada e um ano de incertezas, coloca a maior parte da população brasileira em contenção de despesas. Neste contexto, para manter o espírito da Páscoa, a expectativa é que sejam mais vendidos ovos menores, caixas de bombons e barras de chocolate, produtos que oferecem preços mais acessíveis aos consumidores, segundo análise da KPMG.
Além disso, há oportunidades para as empresas desse segmento nas classes com maior poder aquisitivo, onde produtos premium têm boa aceitação e maior rentabilidade, com novos entrantes nesse mercado.
Para Fernando Gambôa, sócio-líder de Consumo e Varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul, a busca por preços mais em conta vai ser o principal objetivo dos consumidores não apenas na Páscoa, mas nas próximas datas comemorativas. Quanto mais o varejo puder trabalhar em conjunto com os fabricantes para viabilizar isso, maiores as chances de vendas.
A atual condição da economia brasileira, já sinalizada para o varejo desde o último trimestre de 2021, com juros altos, inflação elevada e um ano de incertezas, coloca a maior parte da população brasileira em contenção de despesas. “E essa contenção faz com que o preço seja um dos principais direcionadores de compras. Neste contexto, promoções e descontos são o que a população está buscando nos produtos relacionados com a Páscoa, e isso vale para as lojas físicas e para o comércio digital.”
Fernando analisa que a realidade é que nem sempre os varejistas conseguem conceder este desconto sozinhos, então é importante trabalhar em conjunto com os fabricantes para conseguir ações de promoção ou mesmo rebates que possam ajudar a reduzir preços e incentivar vendas. “Lembrando sempre este tipo de produto é sazonal, passada a data, a procura cai drasticamente. E não podemos deixar de mencionar também as alternativas para os tradicionais ovos de chocolate. Para manter o espírito da Páscoa, uma alternativa é incentivar a venda de ovos menores, caixas de bombons e barras de chocolate, produtos que oferecem preços mais acessíveis aos consumidores e cumprem bem seu papel na comemoração”, avalia Fernando.
Cenário de lições
O cenário atual do varejo e aspectos específicos desse segmento também devem contribuir para impulsionar o comércio eletrônico dos produtos, uma vez que, nesta situação, a logística de entrega é mais crítica. Não faz sentido receber os produtos depois da Páscoa e, em função da data, haverá mais pressão sobre a etapa final da entrega (last mile), que já está sendo bastante pressionada com o aumento dos custos dos combustíveis.
No meio digital os consumidores também podem comprar de pequenos empreendedores, diversificando as opções e saindo um pouco das tradicionais marcas. Isso ajuda a movimentar a economia na base. Mesmo com os desafios atuais, a Páscoa é um momento único para celebrar e reunir as famílias que estão precisando de esperança e otimismo.
Pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (APAS) releva que os produtos mais consumidos na Páscoa estão com os preços em desaceleração, com tendência de estabilidade ou leve queda, na comparação com o mesmo período do ano passado. Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) relevam que o comércio deve faturar R$ 2,16 bilhões com a Páscoa de 2022. Considerando valores corrigidos pela inflação, é uma alta de 1,9% comparando com 2021, porém com volume movimentado ainda 5,7% abaixo do alcançado em 2019, quando atingiu R$ 2,29 bilhões.
Para os que já estão na expectativa se esse cenário se repetirá nas próximas datas comemorativas, Fernando avalia que a tendência por buscas de promoções e preços mais em conta de continuar continue também nestas festas. “Aqui a ressalva é que o valor unitário de produtos relacionados com a Páscoa é bem mais alto do que os produtos consumidos nas festas juninas, o que faz com que o espaço para reduções ou promoções dos produtos juninos seja menor”, conclui.