A confiança do consumidor brasileiro, registrada pelo Índice Nacional de Confiança (INC), elaborado pela PiniOn para o Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), alcançou 106 pontos em fevereiro, redução de 1,8%, em relação a janeiro, e alta de 19,1% na comparação interanual.
O INC mede a percepção das famílias em relação à situação financeira atual e futura, segurança no emprego e disposição para adquirir bens de maior valor. A amostra coletada reúne entrevistados de 1.700 famílias de todas as regiões do País, residentes nas capitais e cidades do interior.
Na avaliação do economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, a redução apresentada não configura necessariamente interrupção da tendência crescente da confiança do consumidor – apresentada em meses anteriores -, uma vez que o indicador se mantém no campo otimista, isto é, acima de 100 pontos.
Na comparação mensal, a sondagem apontou diminuição da confiança dos consumidores residentes nas regiões centro-oeste (-5,2%), sul (-2,8%), norte (-5,9%) e sudeste (-3,5%), enquanto o nordeste foi a única região a apresentar leve aumento (1,1%).
Entre as classes socioeconômicas, os entrevistados da classe C se mantiveram estáveis, enquanto os ouvidos das demais classes mostraram redução na confiança.
Quando questionados sobre a situação financeira atual e segurança no emprego, notou-se pessimismo na percepção dos entrevistados. “As expectativas positivas sobre a situação financeira futura das famílias e as evoluções do País e da Região de moradia apresentaram relativa estabilidade em relação a janeiro”, comenta o economista da ACSP.
Ele completa que a deterioração da percepção sobre a situação atual e a estabilidade do otimismo em relação ao futuro refletiu na menor proporção de entrevistados interessados em comprar itens de maior valor, como carro e casa, e bens duráveis, tais como geladeira e fogão, embora a disposição a realizar investimentos tenha continuado a registrar aumento.
“Esse recuo na confiança do consumidor, em relação ao mês anterior, pode ser explicado pela desaceleração da atividade econômica, prejudicando a geração de empregos e a renda das famílias”, pontua Ruiz da Gamboa.
O economista pondera e diz que o resultado mensal não necessariamente configura em mudança na tendência crescente exibida pela confiança do consumidor desde maio de 2021. Para ele, a continuidade da evolução do indicador de confiança estará atrelada fundamentalmente ao desempenho da economia durante os próximos meses. “nesse sentido, esse desempenho será positivamente afetado pela determinação de uma regra fiscal com credibilidade suficiente para permitir a redução das expectativas de inflação e, portanto, da taxa básica de juros (SELIC)”, conclui.