O varejo brasileiro passou por um teste de fogo no início de 2022 e diversos fatores seguem o impactando até o fim do ano. Bruno Rezende, CEO da 4intelligence, comenta os principais aspectos que impactarão o setor nessa rede final de 2022.
“Como se vê, é um ano realmente diferente, mas isso não significa que é indecifrável. Pelo contrário, é possível entender paralelos com a análise acurada de dados. Com isso em mãos, é fácil identificar os diferentes efeitos em todos os mercados”, relata Rezende.
1) Inflação
Em 2021, o Brasil registrou inflação de 10,06% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e esse foi o maior índice desde 2015. “Essa elevação foi decorrente de diferentes choques que o país encarou no ano passado, como crise hídrica no agronegócio, dificuldades no setor energético e problema nas cadeias – o que pressionou os preços em diferentes setores. Esses choques, porém, não são esperados para 2022, e a perspectiva é o indicador se arrefecer até o fim do ano.”, afirma o executivo. Além disso, o Banco Central acredita que a inflação deva ficar em 7,1% neste ano
2 – Variação cambial
No início de 2022, as incertezas da pandemia valorizavam o dólar perante as demais moedas – e o Real se depreciava ainda mais do que as outras por causa das incertezas fiscais no setor público brasileiro. Contudo, o conflito entre Rússia e Ucrânia provocou uma reação em cadeia na economia global, o que derrubou o preço do dólar ao longo das últimas semanas – recuo de 14% no primeiro trimestre de 2022. “Quando se fala em câmbio, não existe dólar ruim. Se o valor elevado da moeda norte-americana era bom para quem exportava, a queda pode ser positiva para setores que dependem de importações”, comenta.
3 – Taxa de juros
“Com a inflação em alta, é natural que a Selic, taxa básica de juros, também subisse. Atualmente, ela está em 11,75%, mas há um ano estava em 2%. A tendência é continuar subindo ao longo de 2022 porque é a forma que o Banco Central usa para evitar o aumento de preços. Mas trata-se de um remédio amargo e com efeitos diferentes para diferentes setores.”
4 – Emprego e renda
“Felizmente, observa-se que a oferta de emprego está evoluindo bem nos últimos meses, ainda que o salário oferecido esteja abaixo da média em muitos casos. Mesmo assim, há mais gente trabalhando e a massa salarial está positiva. Com a combinação de queda de inflação em 2022 com aumento de salário, esse cenário deve se inverter para os varejistas”
5 – O “super” último trimestre
“Em outubro teremos eleição para definir o novo presidente, o que naturalmente faz com que diversos indicadores fiquem “sensíveis”. Mas o último trimestre vai abrigar muita coisa, e o varejista precisa trabalhar direito os primeiros nove meses do ano para explorar ao máximo os últimos três. Para começar, em novembro temos a já tradicional campanha de Black Friday no varejo físico e digital. Para ajudar, entre novembro e dezembro, acontecerá a Copa do Mundo de futebol, que potencializa diversos segmentos, como venda de televisores, celulares, etc. Além disso, há as compras de fim de ano e a entrada do 13º salário.”