Marcelo Pimentel, CEO do GPA (Grupo Pão de Açúcar), fala sobre o momento vivido pela companhia no país, que aposta nos modelos de proximidade (Mercado Extra e Minuto Pão de Açúcar) e nas vendas online para crescer ainda mais nos próximos anos. Na entrevista, realizada durante reinauguração de loja da bandeira Mercado Extra na Zona Sul de São Paulo no fim de setembro, o executivo ressaltou ainda a importância de tornar a experiência das compras online, com retirada dos produtos na loja ou entrega no mesmo dia, cada vez mais uma realidade dinâmica e confortável no dia a dia do cliente. Tudo isso para que a receita online da companhia, que atualmente representa 11% do faturamento do GPA, atinja 22% nos próximos anos.
Qual a importância de concluir a entrega dos hipermercados da bandeira Extra, que foram convertidos para os modelos de vizinhança do GPA ?
A reabertura dessa loja é muito importante pois ela marca a entrega total do projeto de conversão do modelo de hipermercado para as lojas de proximidade, em um total de 23 lojas, sendo 13 no Pão de Açúcar, 8 no Mercado Extra e 2 no Compre Bem Supermercados. Temos a oportunidade de ter a venda cheia dessas lojas novamente, reconectando-as com nossos clientes. Até aqui essas unidades estavam passando como por uma interrupção, em razão das obras. Outro ponto importante é que a da Avenida Ricardo Jafet, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, é a nossa maior loja do Mercado Extra, e deve se tornar a maior em venda da bandeira no Brasil. Nesse momento estamos com uma visão muito otimista, de clareza, foco e de visão.
Como fica a loja física e os demais canais de vendas na estratégia do grupo?
Queremos expandir cada vez mais a multicanalidade. Já somos líderes no varejo alimentar brasileiro e desejamos continuar crescendo a nossa visão de, cada vez mais, levarmos opções por meio de um canal completo, onde o cliente escolhe como e quando deseja comprar conosco. E o fator de termos lojas físicas é importantíssimo para a empresa, uma vez que mais de 40% de toda a compra digital é feita no modelo clique e retire, ou seja, o cliente começa no digital e termina na loja física. Atualmente 11% da receita do GPA advém das vendas online, sendo que o objetivo é o de dobrarmos e atingirmos 22% nos próximos dois anos. E as nossas lojas estão cada vez mais preparadas para receber os clientes digitais. Em relação ao autoatendimento, lançamos no mês passado a nossa primeira loja do Minuto Pão de Açúcar cem por cento com este perfil que fica na Avenida Paulista, em São Paulo.
De que maneira está a relação com a indústria (fornecedores) e os colaboradores?
Estamos trabalhando com objetividade na gestão e nas negociações com os nossos fornecedores, trazendo de volta uma otimização dentro das nossas relações comerciais. E por último, talvez mais importante de tudo é o nosso pilar de cultura, que significa não se comunicar somente com o mercado, mas principalmente internamente, para que nossos colaboradores saibam exatamente para onde estamos indo, quais são as nossas missões, os nossos valores e os nossos objetivos. Estamos focados nesse momento de transição, que vai nos levar para os próximos três anos. Temos tido uma reciprocidade muito positiva da indústria, de querer realmente fazer parte desse momento. Isso mostra a força da bandeira e da gente, de querermos realmente reatar esse relacionamento.
Quais foram os maiores desafios no processo da conversão dos hipermercados para os modelos de proximidade?
O maior desafio foi o de conseguir fazer uma conversão com as lojas abertas, tanto para os colaboradores quanto para os clientes, porque durante esse período não foi a melhor experiência para ambos que estavam ali. E também é um desafio para a gente gerir uma transição de mudança de estoque de uma loja para outra, principalmente paras lojas que se tornaram Pão de Açúcar, pois você tem uma proposta de valor muito diferente.
Investir nos modelos de proximidade e de vizinhança, acabando com o hipermercado foi a melhor estratégia?
Temos a convicção de que foi a decisão certa e isso se confirma a cada momento em que consolidamos essas conversões. O mercado está cada vez mais pulverizado e ao mesmo tempo antagônico no contexto de propostas de atacarejos, que vêm crescendo cada vez mais. Todas as pesquisas mostram a expectativa do cliente em ter uma experiência mais local, próxima e voltada ao mercado de bairro, em que ele transita pela excelência e pelo atendimento. Estamos convictos de que este é o caminho correto.
Qual é a configuração do GPA atualmente?
O novo GPA se torna uma empresa de supermercados, de proximidade e de multicanalidade, com duas vertentes, sendo uma premium, que é a bandeira Pão de Açúcar e a de proximidade, com o Minuto Pão de Açúcar. Por outro lado, temos uma outra vertente que é o minimercado com o Minuto Pão de Açúcar, que oferece uma proposta de valor diferente para atender a um público onde o preço apresenta maior relevância. A visão que temos é de que por meio dessas duas propostas temos o modelo vencedor. Muito do que temos feito com relação ao nosso processo de expansão, mostra a importância da loja de bairro para o nosso futuro. Na bandeira Minuto Pão de Açúcar estamos abrindo lojas de modo bastante acelerado, com muita agressividade, porque é uma complementariedade do modelo Pão de Açúcar. É uma mudança muito significativa, mas que vai ao encontro das necessidades dos nossos clientes. Você coloca o cliente no centro, entende o que para ele é relevante e a empresa se esforça para atender esse cliente.
Como avalia a integração entre a loja física e as compras online?
Quando se trata das compras online, até novembro temos projetos em andamento. Queremos entregar 80% das entregas feitas pelo canal online no mesmo dia. Em paralelo temos uma parceria com iFood nas lojas de proximidades do Minuto Pão de Açúcar, fazendo um teste de entrega expressa. Estamos em trinta lojas com entrega expressa, que são aquelas realizadas em até trinta minutos.