Com a presença de Henrique de Campos Júnior, professor da FGVCEV – Fundação Getúlio Vargas/Centro de Inteligência do Varejo; de Pedro Lopes Brandão, diretor do Lopes Supermercados; Sergio Caetano Filho, diretor do Supermercados Caetano e com a mediação de Eduardo Ariel Grunewald, gerente de Serviços aos Supermercados da APAS (Associação Paulista de Supermercados) foi realizado no dia 1 de Fevereiro, o Webinar Tendências para o Varejo.
O debate foi iniciado por Campos Júnior, que apontou os quatro principais desafios vividos pelo varejo americano nos últimos anos, setor muito afetado pela Covid. Esses gargalos foram a falta da mão de obra; a ruptura da cadeia logística mundial; a consequente inflação e por fim, de como a pandemia deve impactar o mercado americano. Segundo ele, a falta de mão de obra se acentuou com a pandemia em solo americano, uma vez que muitos funcionários deixaram seus empregos.
Devido a essa realidade, tecnologias tiveram que se consolidar para suprir a necessidade do varejo. “Houve um ganho de automação, com o desenvolvimento dos robozinhos, ou mesmo um caminhão para entrega de produtos que funciona sem motorista. No Brasil já temos algumas iniciativas, como do IFood, que está testando a entrega de produtos por drones, em Sergipe, Nordeste”, ressaltou.
Entre os varejistas, Filho, diretor do Supermercados Caetano, também destacou a evolução da automação durante a visita à feira. “No evento me chamou a atenção a quantidade de robôs fazendo picking dos produtos. Já o futuro da loja física deve evoluir para hubs logísticos e espaços de engajamento, enquanto os supermercados locais têm voltado a se destacar por estar mais próximos dos consumidores” analisou.
Durante o painel também foi destacado as soluções que surgiram no varejo americano, para resolver os problemas que ganharam escala com o avanço da Covid, e depois da Ômicron. O varejo americano teve que criar mecanismos para garantir a receita e não perder o cliente. “Cresceram iniciativas como o investimento das redes e oferecer assinaturas para clientes, principalmente de produtos básicos; ofertar refil para reposição de produtos ou mecanismos de cashback”, afirmou.
O novo supermercado
O ponto alto do Webinar foi quando foi debatido os novos formatos de loja, uma vez que a pandemia afetou profundamente o comportamento do consumidor e a sua ida ao ponto de venda. Pesquisa divulgada durante a NRF mostrou que os americanos não vão trabalhar mais de 5 dias por semana no escritório. Esse novo “modo de viver” já alterou as relações entre empresas, comércios e residências. Então, daqui para frente, o varejista deve se perguntar como é que deve ser essa nova loja.
Alguns formatos que devem ser alternativas para redes varejistas, seja no mercado americano ou mesmo em “terras brasileiras”, são aqueles que ofereçam maior autonomia para o cliente, tanto no momento da compra, quanto na retirada de produtos comprados online. Para Brandão, do Lopes Supermercados, o supermercado no Brasil precisa ser repensado. “ O que precisamos é acreditar mais, além de implantar o que já conhecemos. Fazemos poucos para atender o nosso cliente. Precisamos pensar no posicionamento da loja; criar sortimento adequado, e estar atento às mudanças que já estão em andamento”, disse.
Com a proposta de mais autonomia e conveniência para o cliente, deve se destacar lojas móveis; carrinhos que ofereçam refil de produtos; pontos de vendas que proporcionem formas de o consumidor interagir com o espaço e com produtos, ou mesmo as Pop Up, que são pontos de vendas que parecem um contêiner. “Aqui no Brasil já temos as lojas em condomínio ou pontos de conveniência, como o Hirota em casa, por exemplo. Outra possibilidade são os serviços porta a porta, que podem ofertar produtos essenciais vendidos ao consumidor através de assinaturas. Essa estratégia pode gerar uma receita fixa e ajudar o varejista a entrar na casa do cliente. Outras opções são as dark store, formato em que eu passo e pego a minha compra, por exemplo”, analisou.
Nestes novos modelos de pontos de vendas, todos podem sair ganhando, principalmente o varejista. Os supermercados podem ofertar para a indústria espaços de mídia, local dentro da loja onde as marcas podem alugar para expor marcas, sejam em faixas de gôndolas interativas ou pontos extras. Seja online ou presencial, a compra ainda é um evento social, e o varejista deve explorar os canais digitais, como as lives; redes sociais ou mesmo ofertar produtos pelo whastapp.