Com deficiência visual e a ajuda de sua bengala, Luan de Luca, locutor no supermercado Prezunic, só precisa do microfone para chamar a atenção de quem faz compras na unidade do Catumbi, na Zona Central do Rio.
Luan entrou no Prezunic em 2019 como auxiliar de operações, por meio de uma vaga destinada a Pessoas com Deficiência (PcDs) oferecida, na época, por meio de uma parceria com o Instituto Benjamin Constant, onde ele cursou o Ensino Fundamental e aprendeu a lidar com sua deficiência causada pela retinose pigmentar, doença degenerativa da visão.
Dados do Ministério do Trabalho relativos a 2020, indicam que pessoas com deficiência ocupam apenas 1,07% das vagas formais — apesar de representarem 6,7% da população. A deficiência visual é a mais comum entre os brasileiros. Ela está presente em 3,4% da população, o que equivale a 6,5 milhões de pessoas.
A alegria de trabalhar com carteira assinada não fez o carioca se acomodar. Consciente de seu potencial, ele não perdeu tempo quando soube da abertura de uma vaga de locutor na própria loja onde atuava. “Pedi uma oportunidade ao gerente, e ele deixou eu anunciar um energético. Anunciei e vendeu quase tudo, rapidamente”, lembra Luan. Após a experiência bem-sucedida com o energético, Luan decidiu fazer um curso de locução oferecido pelo Prezunic.
Aprovado no curso, Luan aguardou a abertura de uma nova vaga, o que não demorou a acontecer. No dia do teste, havia outros candidatos concorrendo. Ele chegou sozinho na loja do Prezunic Barra, demonstrando que sua capacidade de comunicação poderia o levar até onde quisesse.
A gerente de Recursos Humanos do Prezunic, Ana Behrens, ressalta a política de inclusão da empresa, que busca dar oportunidades e incentivar todos os colaboradores a crescerem profissionalmente, de acordo com suas capacidades. “Aqui, gostamos e respeitamos a diversidade, então, se você é bom no que faz, é protagonista na sua carreira e respeita nossos valores, vai crescer!“, garante Ana Behrens.
“Minha deficiência não me limita. No dia do teste eu fui sozinho. No ônibus, comecei a conversar com os passageiros, contei minha história e, um deles, gentilmente, me conduziu até a porta do Prezunic Barra, onde seria realizada a prova”, lembra Luan.
Luan conquistou a vaga e, hoje, é locutor na mesma loja onde começou como auxiliar de operações. O próximo passo na vida profissional, ele também sabe de cor: cursar a faculdade de Marketing, se formar e concorrer a uma posição no setor, ainda no supermercado que começou. Enquanto isso, vai dando show no microfone e conquistando a simpatia de clientes e colaboradores do Catumbi para a alegria de todos.