No setor de supermercados, não é raro ter membros da família que sucedem cargos de liderança no negócio ao longo de sua história. Para muitos empresários e empresárias do setor supermercadista, a governança corporativa familiar traz a segurança de que os herdeiros conseguirão manter o controle dos negócios com base em seus costumes tradicionais e na visão da família sobre o futuro da empresa. 

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Lideranças inovadoras superam desafios

De acordo com Eduardo Najjar, professor de estratégia e gestão corporativa e de negócios da ESPM, as gerações estão mudando e o varejo de supermercados é uma área mais conservadora e a chegada das novas gerações na liderança pode quebrar algumas barreiras. “São jovens bem formados tecnicamente e que estão assumindo posições de liderança na área em que se formaram profissionalmente. Sem contar que, em muitos casos, esses jovens já trabalharam com os pais na mesma loja anteriormente”, afirma.

Para o professor de estratégia e gestão corporativa, os herdeiros ocupam os cargos em áreas como jurídico, RH, marketing, gestão, compras, que são posições valorizadas e as redes de supermercados devem investir no desenvolvimento e capacitação dos futuros diretores. “Tem uma receita de bolo que é apostar em desenvolvimento profissional com os melhores talentos do quadro de colaboradores. No geral, empresas precisam de profissionais bons, seja da família ou não, para que o colaborador perceba que a empresa está investindo para que ele tenha futuro dentro da organização”, acredita Eduardo Najjar.

Sucessão familiar e desafio para encontrar profissionais

A rede Flex Atacarejo, por exemplo, criou o Programa de Sucessão Familiar (PSF) com herdeiros da terceira geração das famílias fundadoras da companhia, onde recebem treinamentos práticos sobre gestão em diferentes áreas do negócio. “O objetivo é transmitir aos futuros sucessores uma visão de executivo dos negócios, de acionista, de empreendedorismo, com a devida orientação para a necessidade de desenvolver suas habilidades e conhecimento”, explica o conselheiro consultivo da rede Flex Atacarejo, José Antônio Furtado.

Para Rodrigo Montanari da Cunha, também conselheiro consultivo da rede Flex Atacarejo, encontrar profissionais que tenham experiências e conhecimento do negócio e do mercado já é um desafio. “Quando se considera líderes que saibam formar equipes e conduzi-las para os resultados, pode-se dizer que existe um desafio ainda maior para as redes de supermercados. Desenvolvemos um outro programa para as lideranças atuais que inclui boas práticas, dinâmicas, experiências, comparação de resultado entre unidades de negócio e alinhamento geral com a estratégia da empresa”, diz o conselheiro da rede Flex Atacarejo.

Alinhamento, cultura organizacional e legitimidade

Para José Antônio Furtado, a melhor maneira de fazer uma transição de liderança na empresa, familiar ou não, sem impactar o desempenho da operação supermercadista é identificar o alinhamento do perfil do novo líder com a cultura organizacional da companhia. “No caso de transição de liderança familiar, compreender o grau de aceitação do líder que será sucedido, suas atividades após sua própria sucessão, necessidade de um período transitório, alinhamento de comunicação aos liderados e preocupação com a possível ausência de referência no caso do familiar sucedido ser um líder de considerável respeito”, afirma.

Segundo Sandro Benelli, professor de governança corporativa para conselheiros na FGV, não é apenas a formação acadêmica tradicional que dá legitimidade aos líderes que ocupam cargos em uma empresa familiar. “Em geral, os filhos dos empresários começam galgando postos diferentes de trabalho para aprender tecnicamente o que precisa ser feito. Isso também dá legitimidade porque é importante que a liderança não seja apenas por ser herdeiro. É muito fácil não ter o respeito da equipe de liderados quando essa é a única razão pelo qual você ocupa uma posição”, completa.

One thought on “Governança Corporativa: como os supermercadistas estão preparando as novas gerações de líderes

  1. muito boa reflexão, tem muitos avanços acontecendo nas empresas familiares, a governança se torna o ponto chave do desenvolvimento, competitividade e visão sistêmica visando o longo prazo.
    geração de valor para os acionistas e resultados para todas a partes interessadas.
    importantíssimo a visão dos stakeholders

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