Durante dois domingos de cada mês, grandes redes de supermercados precisam fechar suas portas para que os pequenos varejistas do setor possam ter mais competitividade neste mercado. Esse é o cenário dos últimos 10 anos na Coréia do Sul e a medida ainda determina que essas lojas fiquem fechadas entre meia-noite e 10h, assim como o serviço de entregas.
Reproduzindo o cenário no Brasil e com lojas de grandes redes do varejo obrigatoriamente fechadas durante dois dias de cada mês, é esperado que a empresa tenha um impacto negativo no volume de vendas nas lojas físicas. “Vale lembrar que há uma boa economia gerada pelo fechamento da loja no domingo, como mão de obra, energia e até manutenção da loja, que sempre é mais cara e complicada quando ela está aberta ininterruptamente. Assim, o impacto final pode ser até positivo”, aponta Marcos Andrade, especialista em Varejo e Internacionalização e conselheiro da Hand M&A.
De acordo com Andrade, dificilmente os consumidores fiéis aos grandes varejistas passariam a comprar mais em outros supermercados menores, principalmente porque a fidelidade advém da percepção de valores que são caros ao cliente. “Quanto mais importantes estes valores, maior a fidelidade. O consumidor brasileiro se adaptaria aos horários ou formatos alternativos para continuar desfrutando das vantagens que percebe na marca”, acredita o especialista em Varejo e Internacionalização.
Questão de escolha
Segundo Marcos, existem outras formas de proteger os pequenos negócios que não implicam em restringir o direito de escolha dos clientes. “A questão não é impedir o cliente de comprar no grande, mas ajudar o pequeno a ser a escolha dele. Durante a pandemia vimos inúmeras ações voluntárias de clientes ajudando pequenos negócios de vizinhança. Isso mostra a simpatia e a importância que eles têm para seu entorno”, explica.
Para o especialista, o segredo para o sucesso do pequeno varejista de vizinhança está no profundo conhecimento e envolvimento que a empresa tem sobre a sua comunidade. “Por outro lado, essa é a principal dificuldade que uma grande rede tem nesse mercado”, completa Marcos Andrade, especialista em Varejo e Internacionalização e conselheiro da Hand M&A. Atualmente, a população coreana espera pela revogação da lei que determina o fechamento de lojas, alegando prejudicar o direito de escolha do consumidor.