O tempo em que as promoções dos supermercados atingiam diferentes perfis de consumidor ao mesmo tempo, sem a segmentação que existe hoje, está ficando para trás. Com a tecnologia e as ferramentas de personalização disponíveis no mercado, dificilmente um cliente vegano receberá a informação de que o açougue da loja está em promoção, a não ser que as carnes vegetais façam parte dos ‘cortes’. Nesse cenário, podemos perceber que as redes buscam a personalização de promoções por diferentes motivos, seja para melhorar a experiência do consumidor, ou para ter maior previsibilidade estratégica.
De acordo com Ulysses Reis, professor da Strong Business School (SBS) e coordenador do MBA de Varejo da FGV, os supermercados não registram um CPF apenas para oferecer desconto, mas também para identificar o perfil do cliente e a previsibilidade para a operação. “O supermercado identifica quem é, quando comprou, quanto gastou, o PDV que visitou e o que ele comprou. Isso repercute de modo muito positivo porque a gestão consegue fazer estoque de produtos que têm mais giro”, explica.
Para o diretor de marketing do Condor Super Center, Leonardo Franklin, a segmentação das ações ajuda a priorizar as ilhas promocionais nas lojas e identificar os produtos sazonais mais estratégicos para a rede e a indústria. “As ferramentas de marketing digital ajudam a impulsionar as vendas para públicos de fora da nossa base, mas com interesses semelhantes aos dos nossos consumidores. Mas tudo isso só faz sentido se, ao chegar na loja, o shopper tiver os estímulos com o PDV bem executado e preços condizentes com a ação”, diz.
Alimentos perecíveis e potencial de consumo
Segundo Ulysses Reis, em um país como o Brasil, onde há economia inflacionária e baixo poder de compra do consumidor, o melhor negócio para um supermercado é evitar aumentar preços e girar o estoque e, para isso, é preciso ter o máximo de informações sobre as vendas. “No caso de alimentos perecíveis, por exemplo, é muito importante identificar e criar uma previsão de compras para evitar as perdas. O Blockchain oferece o rastreamento de tudo que envolve esse processo e isso traz aumento do controle de qualidade do produto“, aponta o coordenador do MBA de Varejo da FGV.
Leonardo Franklin acredita que a segmentação de promoções de itens alimentares impacta na gestão do estoque das lojas físicas Condor, já que o planejamento sempre leva em conta a disponibilidade de produtos nos PDVs. “Chamamos de grade de produtos que serão distribuídos para as lojas, com elasticidade de preços equivalente à capacidade de distribuição, armazenamento e exposição dos produtos. Assim como os períodos de abastecimento, reposição ou conveniência, a personalização nos ajuda a entender o potencial de consumo de cada período”, afirma o diretor de marketing do Condor Super Center.