Os períodos economicamente instáveis sempre fizeram parte da vida dos supermercadistas e são nesses momentos que o setor precisa ter ainda mais conhecimento das necessidades e hábitos dos clientes. Para isso, é preciso ousar e mudar as práticas comerciais já estabelecidas a fim de que o repasse chegue o menor possível ao cliente final. Esses momentos históricos que estamos vivendo pedem urgência na tomada de decisão por parte das lideranças, mas a análise de dados pode trazer insights relevantes como por exemplo, na diminuição de sortimento.
Essa questão traz dois pontos de vista. O primeiro, segundo Adriano Araújo, Presidente da dunnhumby para a América Latina, é ajudar os varejistas a garantir que eles mitiguem o repasse total da inflação para os clientes e não tenham perdas no estoque. Esses ganhos e benefícios são perceptíveis em médio prazo. Para isso, é fundamental o uso da ciência e das estruturas embasadas em dados para definir estratégias de categoria e produto buscando o equilíbrio correto de variedade, inovação, marca própria, preço e promoção.
O segundo, de acordo com Amit Eisler, sócio fundador da Zissou, é auxiliar o consumidor, que quer mais agilidade no momento da compra. Ficar parado em frente uma prateleira com múltiplas ofertas já não é mais desejável. “A loja hoje é parte de um processo unificado – on e offline – então, ele quer entrar, pegar e sair. A pandemia acelerou essa necessidade de não querer passar tanto tempo em um lugar fechado com outras pessoas”, contou durante a APAS SHOW 2022.
Para entender como o sortimento pode estar afetando esse cliente, é preciso fazer um cruzamento de dados. Segundo Adriano, estudar a substituibilidade e saber como os compradores únicos ou similares percebem um produto, ajuda a determinar quais são substituíveis ou complementares. Muitas vezes até 20% do sortimento pode ser excluído sem consequências negativas para os clientes ou para os resultados comerciais.
A aplicação desta ciência faz com que o sortimento seja ainda mais efetivo, permitindo a eliminação de produtos duplicados que atendem a uma mesma demanda. Isso melhora a percepção de valor e a experiência na loja, simplifica as escolhas dos consumidores e auxilia os clientes a encontrarem os produtos certos para as suas necessidades e orçamentos.
“Cabe aos varejistas ajudar os clientes a encontrar alternativas mais baratas, por exemplo, usando a ciência de complementaridade de produtos e serviços de API para permitir recomendações personalizadas em todos os aplicativos e canais online”, avalia Adriano Araújo.