Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), eventos que aconteceram em momentos próximos como a Black Friday, a Copa do Mundo e o Natal, movimentaram R$ 4,61, R$ 1,4 e R$ 65 bilhões em 2022 respectivamente, e, nestes períodos, fica perceptível aos olhos do consumidor quais negócios se prepararam ou não. A transformação digital é a grande aliada dos varejistas no preparo para estas datas-chave, e já é realidade dentro dos negócios modernos.

Recentemente, estive na Universidade de Cambridge e participei de uma imersão, evento em que ideias inovadoras para a transformação digital no varejo foram apresentadas. Os inúmeros aprendizados foram proporcionados, principalmente, pela troca de experiências com outros participantes e, após refletir sobre essa rica experiência, venho destacar, em primeira mão, sete erros comuns da transformação digital no varejo que foram elucidados por lá e cuja superação é crucial para o avanço e maximização dos resultados das empresas. 

Erro 1: área de negócios e tecnologia desintegrados

Pensar a digitalização e automação de forma desassociada no mercado atual é ingenuidade. Possuir uma área de negócios que só pensa em novos negócios, uma área de clientes que só atende clientes e depois levam as conclusões para a área de tecnologia desenvolver as soluções isoladamente não é mais uma estratégia sustentável. Todas as áreas precisam trabalhar de forma integrada para alcançar o desenvolvimento holístico de seus recursos, soluções e serviços. 

Erro 2: focar no projeto e não nos resultados

Quando os executivos se prendem muito ao “como” de um projeto que pretendem desenvolver, fica mais difícil enxergar se o produto final será bem quisto pelo consumidor. Por isso, é mais eficiente focar nos resultados desde o início. Atualmente existem alguns conceitos, como piloto, Mínimo Produto Viável (MVP) e pequenos testes criados para facilitar o mapeamento dos resultados. É crucial medir e descobrir o quão bom o produto ou serviço será para o consumidor antes de pensar em como o projeto será concebido, focando em um objetivo de cada vez.

Erro 3: concentrar-se no que os executivos querem e não nas necessidades dos clientes

Saber o que os executivos ou investidores desejam é importante e legítimo, mas o indispensável é, primeiramente, olhar para as necessidades dos clientes. Entendê-las e concentrar-se em resolver a dor do público-alvo deve ser a grande prioridade das empresas. Neste sentido, ideias mais alinhadas a essas necessidades devem sair do papel na frente. 

Erro 4: implantação sem testes

Uma implantação de um produto precisa de testes antes de seu lançamento, e fazê-los de maneira inteligente economiza tempo e recursos. Disponibilizar uma nova solução a um cliente para que ele possa experimentá-la e realizar seus apontamentos é uma boa forma de testar sem comprometer toda a sua carteira, além de que, se bem sucedido, esse cliente se tornará um promotor da sua solução.

Erro 5: dedicar-se ao processo e não às pessoas

Quando uma liderança foca nas pessoas antes dos processos, há uma entrega maior dos times em razão do sentimento de pertencimento que passam a nutrir pela empresa. Essa interação é fundamental para que os colaboradores se mantenham engajados e motivados, estados de espírito que definitivamente refletirão em sua produtividade.

Erro 6: falta de autonomia

A nova economia demanda que as empresas criem mais e de forma cada vez mais ágil. Definir com exatidão as tarefas a serem desempenhadas por cada colaborador em meio a essa criação é algo que leva um tempo que empresas ágeis não podem desperdiçar. Portanto, dispor de equipes autônomas, capazes de criar seus próprios fluxos de atividade sem prejudicar os resultados faz total diferença.

Erro 7. Usar modelos de gestão tradicionais

“Controle é ilusão de poder.” Os modelos tradicionais de gestão, formados por departamentos hierárquicos em formato de cascata em que cada movimento tem que passar pela aprovação de todos na pirâmide, são formas ultrapassadas de tentar controlar um negócio, o que chamamos de microgerenciamento. Empresas alinhadas com a nova economia já entenderam que o resultado não depende do controle, mas sim, da colaboração. Portanto, é mais eficiente investir em um modelo mais horizontal, que priorize o cliente e não mais a hierarquia.

Texto por: Helson Santos, CEO da startup Logstore.