Após um 2020 de fortes restrições impostas pela pandemia, a retomada do consumo nos bares era o principal movimento esperado pela indústria de Bebidas ao longo de 2021. Conforme a vacinação foi avançando pelo país e com o consequente relaxamento de medidas restritivas, este movimento foi aparecendo: o bar fecha o ano com um crescimento total de 23,2% no faturamento em relação ao ano anterior.

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Especificamente em relação às categorias de bebidas no bar, 84% delas apresentaram crescimento em faturamento no canal, enquanto 74% apresentaram também crescimento em volume vendido. Porém, quando o comparativo feito é em relação a 2019, anterior ao início da pandemia, apenas 37% das categorias de bebidas seguem apresentando crescimento nos bares.

Um dos principais fatores que costumam frear o consumo fora de lar e também o de produtos considerados supérfluos é o cenário econômico. Após quase 2 anos de pandemia, os impactos financeiros estão por toda parte. Pressão inflacionária tanto relacionada aos custos de produção e do próprio varejo, quanto ao bolso do consumidor, cada vez mais apertado.

A cesta de Alimentos é a que apresentou o maior aumento de preço médio, fazendo com que as categorias consideradas como “básicas” passassem a ocupar um espaço de 30% no bolso do consumidor (entre as categorias da Cesta Nielsen de consumo), deixando menos espaço para categorias de segunda necessidade. Em 2019, esta mesma parcela representava 25%. Neste período, o espaço dedicado a categorias consideradas “supérfluas”, onde estão as categorias de bebidas destiladas, por exemplo, foi reduzido de 26% para 24%. O restante é destinado às categorias consideradas de “necessidade complementar”, com restrição de 49% para 46%, onde estão as principais categorias de bebidas em termos de volume vendido (cerveja, refrigerante, água mineral e sucos).

Outra preocupação para o setor veio das principais datas sazonais do varejo, grande fortaleza para diversas categorias de bebidas. Tanto na Black Friday quanto nas semanais de festas de final de ano, a importância da cesta de Bebidas foi impactada no varejo, perdendo espaço em faturamento para Mercearia e Perecíveis, no comparativo com as mesmas datas festivas em 2020.

Neste cenário, vencem aqueles que sabem alinhar tendências com benefício econômico ou diversificação de portfólio. Um dos grandes destaques da cesta nos últimos anos, a categoria de gin segue apresentando forte crescimento (+39% em 2021), desta vez puxada por marcas de baixo preço (até 20% abaixo da média da categoria). Outro bom exemplo vem da categoria de energéticos, onde produtos cafeinados surfam a onda do home office, além do lançamento de novas versões e sabores.

Outras tendências seguem forte em diferentes categorias. Diversificação de sabores e produtos prontos para o consumo ditam o ritmo entre as bebidas destiladas. O grande desafio tem sido como fazer os investimentos certos e chegar em uma equação de preço que seja atrativa para o meu consumidor.

José Miguel Vieira Prestes, coordenador na NielsenIQ.