O último trimestre de 2022 está marcado com datas importantes para o varejo: Copa do Mundo, Black Friday e Natal. Em um período inédito, o maior evento do futebol mundial vai se entrelaçar com as demais ocasiões. O jogo de estreia da seleção brasileira será na quinta-feira, 24 de novembro, que antecede a espera da sexta-feira da Black Friday.
Tantos acontecimentos sobrepostos têm deixado as expectativas de vendas incertas para os analistas e, em um momento marcado pela volta da vida social após dois anos de pandemia, o planejamento se torna ainda mais essencial para aproveitar bem as oportunidades, já que existem aspectos positivos e negativos nesse cenário.
No lado bom para as vendas, está a maior quantidade de dinheiro circulando no país devido ao contexto economico, da redução no preço dos combustíveis e social com a distribuição do Auxílio Brasil de R$ 600. No entanto, a questão de as datas mais importantes para o varejo estarem embaralhadas com a Copa do Catar, pode levar o consumidor a comprar menos por impulso, já que a maior parte da população estará focada nos jogos.
A situação vai depender muito do segmento do varejo, já que comidas e bebidas devem aumentar as saídas, considerando os três eventos. Por outro lado, durante os dias de jogos da seleção, a atividade comercial e a circulação de pessoas reduzem drasticamente, o que deve prejudicar o aquecimento dos pontos presenciais de venda.
Os setores mais afetados devem ser os que dependem de crédito, como o de eletroeletrônicos. As exceções são televisões e celulares, por conta da Copa, que historicamente demanda mais aparelhos para transmissão. Este ano, uma pesquisa da Apoema indica que 24% dos torcedores pretendem comprar uma nova TV. A chegada do 5G também deve contribuir para o aquecimento dessas vendas no quarto trimestre do ano, com um salto esperado de 30% e 40% na aquisição dos aparelhos.
Apesar dos percalços de um ano atípico, os varejistas estão otimistas e esperam mais vendas para a segunda metade do ano, em relação ao primeiro semestre. O fato é que a conjunção de três sazonalidades não é ideal, uma vez que em datas distintas, poderiam ter seu potencial explorado ao máximo. Porém, a situação deve tornar o período um dos mais potentes para o varejo brasileiro, atingindo recordes de vendas. O segredo é garantir boas ofertas em novembro, focando em planejamento e boa logística, para também dar a chance do consumidor se preparar e comprar antes.
Vinicius Pessin é CEO da logtech Eu Entrego, startup de entregas colaborativas