As consequências macroeconômicas que nosso país vem sofrendo, no período pós pandêmico, impactam diariamente a mesa do consumidor. 2021 fecha em dualidade, sendo de um lado mais positivo a injeção de recursos através do 13° salário e maior flexibilização do comércio, e do outro temos o fim dos auxílios e a inflação que já reflete um alto impacto na renda de forma pulverizada entre categorias, porém, alimentos e transporte tem maior destaque.
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Com o encarecimento da cesta básica, dezembro resulta em um poder de compra menor pela primeira vez desde o Plano Real, e como reflexo, temos a redução do formato de “compra do mês” em detrimento ao crescimento de “compra de reposição”.
Alimentos foi a cesta que mais penalizou o orçamento do consumidor, que tem nos últimos anos apresentado um aumento de 30% em seu preço, justificando seu crescimento apenas em valor, com variação de +6,9%, porém, com retração no volume -6,0%.
Três grandes fatores principais ajudam a explicar esta movimentação. O primeiro deles seria o crescimento do mercado impulsionado apenas por preço, seguido pela alta do dólar e por fim a pressão de custos, a união desses fatores traz desafios de crescimento em volume para o mercado, com exceção de bebidas que tem recuperação com volta do consumo fora do lar.
As principais categorias dentro da Cesta Básica enfrentam alta retração no volume em relação ao período pré-pandêmico, segmentos como: Óleo e Azeite (+3,5% em valor e -12,7% em volume), Arroz (+3,5% em valor e -3,8% em volume), Linguiça (+11,6% em valor e -3,8% em volume), segmento este que é uma opção de proteína mais barata frente à alta dos preços das carnes, Açucar (+1,6% em valor e -3,6% em volume) e Leite UHT (+2,2% em valor e -2,1% em volume).
Outra preocupação para o setor veio do baixo consumo nos períodos sazonais do varejo, tais datas são grandes fortalezas para diversas categorias de alimento, períodos como, Páscoa, Natal e Final de ano, porém, nos últimos dois anos, vem perdendo espaço em faturamento para produtos similares como tablets de chocolate, produtos In Natura e Perecíveis, além de muitos desses itens, quando não vendidos, ocuparem por maiores períodos as prateleiras, com valores muito abaixo do valor inicial.
Em um estudo feito pela NielsenIQ, no final de 2021, avaliamos que 50,6% dos segmentos da cesta de alimentos que avançaram com a pandemia não segue com a mesma aceleração e venda como antes e 69,4% dos segmentos que retraem, representam a sub-cesta de culinários, vemos como destaque dessa lista: maionese, molhos de tomate, almôndegas, creme de Leite, iogurtes, salames, temperos, tortas e outros..
Já 32,5% da cesta de alimentos cresceram no período pandêmico e continuam crescendo, cerca de 64% da subcesta de Rápido Preparo e 53% da subcesta de café da amanhã, dentre estes temos: Cafés, Hamburguer, Kibe, Lanches Prontos, Chocolate, Steak, Manteigas e outros.
Em resposta a este cenário, avaliamos que segmentos que englobam a cesta básica sofre trade down, ou seja, à troca por ítens mais baratos, contudo, também saem na frente as categorias que trabalham com portifólio estratégico e inovações com benefícios que atraem o bolso do consumidor.
Taíse Fachine – Associate Manager – NilsenlQ 2022