A queda na renda dos consumidores aliada a alta inflação nos preços, vem mudando ainda mais o comportamento de compra. Comum na entressafra, entre o outono e inverno, a elevação do preço do leite foi ainda maior nos supermercados e padarias no mês de março. De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, no mês passado, o produto teve uma elevação de 3,3% em relação a fevereiro e chegou a R$ 2,21 para o produtor – o maior valor para um mês de março na série histórica da entidade, iniciada em 2004.
Em Minas Gerais, principal Estado produtor de leite do país, o preço médio saltou de R$ 2,13 por litro na primeira quinzena para R$ 2,42 na segunda quinzena de fevereiro, uma alta de 13,9%, de acordo com os dados do Cepea. Em 2022, a lei de oferta e procura mudou a realidade do setor lácteo em 2022.
Com a redução no consumo de leite, o preço pago ao produtor caiu no último trimestre de 2021. Somando a tudo isso, o custo aumentou com a alta dos preços do milho e da soja, que compõem a ração, fazendo com que a indústria seja obrigada a aumentar o valor pago aos produtores e repassar o custo ao consumidor final.
Outros fatores externos, como a guerra na Ucrânia – terceiro maior exportador mundial de milho – e a consequente reação inflacionária mundial também interferiram na alta, assim como o efeito La Niña, que provocou seca na região Sul (produtora de leite, milho e soja) e chuvas muito intensas em Minas Gerais – dificultando a pastagem do gado por alguns dias e o armazenamento da ração.
Para tentar reverter o quadro, o varejo deve tentar criar promoções ou ações que incentivem o consumo do produto para tentar diminuir o prejuízo e aumentar a margem de lucro. Estudos da Embrapa Gado de Leite mostram que as mulheres consomem mais leite fluido e iogurte que os homens, respondendo por um consumo médio de lácteos anual 7% superior aos homens, podendo ser um perfil promissor para direcionar campanhas.