Consumidores e empresários têm ficado mais atentos aos impactos do consumo no meio ambiente. Cada vez mais, a preocupação com descarte é grande, por isso, as embalagens vêm se tornando pauta constante quando o tema é inovação e sustentabilidade. Um exemplo de como o mercado vem mudando o olhar para essa questão vem do setor de delivery: 72% dos consumidores de aplicativos de entrega querem receber seus pedidos com embalagens biodegradáveis.
Dos que participaram da pesquisa, 15% ressaltaram que já deixaram de solicitar o serviço pelo incômodo com a quantidade de plásticos usadas pelos estabelecimentos. O iFood registrou aumento na quantidade de fornecedores de embalagens sustentáveis para o iFood Shop, marketplace da foodtech que garante itens, insumos e produtos voltados aos parceiros.
Um desses parceiros que ingressou na plataforma no último ano, foi o Já Fui Mandioca, empresa brasileira que utiliza a fécula de mandioca para fabricação limpa e com impacto positivo de bioembalagens sustentáveis, que viram adubo em até 90 dias. Além disso, a embalagem utiliza 100 vezes menos água para ser produzida e tem benefícios em todas as etapas do seu ciclo de vida. A tecnologia sustentável também pode ser utilizada pela indústria e varejo, sempre obedecendo as necessidades do negócio.
Foi o que aconteceu com a Da Mata Salada, que levou dois anos para desenvolver com o Já Fui Mandioca uma embalagem verdadeiramente sustentável. “Como não tem nada igual no mercado foi preciso criar do zero todo o processo de produção, ou seja, as máquinas, fôrmas, entre outros itens”, explica Stelvio Mazza, CEO da Já Fui Mandioca.
Depois de muitos testes e aperfeiçoamento, as empresas conseguiram criar uma embalagem que não gera lixo para a natureza, sequestra CO2 na sua produção e se dissolve naturalmente com a água da chuva. O produto é biodegradável e compostável, ou seja, ao se descartado corretamente, pode virar adubo em até 20 dias.
“Nossa preocupação sempre foi oferecer uma embalagem 100% sustentável levando em conta o ciclo de produção e o rastreamento de toda a cadeia. Os clientes que já receberam a bioembalagem gostaram bastante. A pandemia fez muitas pessoas perceberem o lixo gerado em casa. Por isso, elas se surpreendem quando recebem uma embalagem de delivery realmente sustentável”, conta Caio Ciampolini, CEO da Da Mata.
Se na pandemia o consumidor ficou mais atento com o lixo, o período proporcionou a aceleração de novos projetos da Já Fui Mandioca. “Antes da pandemia o nosso foco era a produção de copos e pratos. Mas com o novo cenário e o aumento do consumo de delivery, conseguimos dar gás em projetos especiais, como esse com a Da Mata. No final todo mundo ganhou: nós, os parceiros, os consumidores, e, principalmente o planeta”, finaliza Stelvio Mazza.
Reaproveitamento inteligente
Outra solução encontrada para a diminuição de lixo vem do reaproveitamento de caixas de papelão. A Nike repensou a forma como faz os envios de alguns modelos, já que as caixas de tênis ainda são embaladas em outras caixas de papelão para serem enviadas para casa do cliente.
Tudo começou com o lançamento dos Space Hippie, modelo feito com 25% a 50% de materiais reciclados. Rich Hastings, o designer de caixas de sapatos da Nike, e a sua equipe pensaram, então, que faria todo o sentido desenvolver uma embalagem que igualasse a iniciativa da marca tendo em vista uma produção com pouco impacto ambiental.
Nasceu assim a “One Box”, um sistema que permite enviar os calçados diretamente na própria caixa e reduzir em 51% o desperdício de material em uma única encomenda online. Rich Hastings optou por um design simples e sem branding, que não revela que no interior da caixa se encontra um par de tênis da marca.
Além disso, ao invés de recorrer a fita-cola para garantir que a caixa se mantém fechada, a empresa desenvolveu um método que faz uso de fita dupla no interior e que providencia uma tira extra para que os consumidores possam voltar a fechar a caixa, caso seja necessário devolver ou trocar o produto.