Depois que Mark Zuckerberg anunciou a mudança do nome Facebook para Meta em outubro de 2021, o tema “metaverso” entrou em ebulição na mídia e nas redes sociais. Dentro do setor supermercadista, a questão que fica é: faz sentido começar a dar mais atenção à tendência para não ser pego de surpresa?
Antes de tudo, vale entender melhor o conceito. O metaverso é um mundo virtual onde é possível vivenciar experiências muito próximas à realidade por meio de dispositivos digitais. “A evolução da internet para o metaverso deve trazer o autêntico conceito do phygital (PHYsical + diGITAL) para o mercado: a integração do mundo real com o virtual”, explica à SuperVarejo o coordenador de cursos do Centro Universitário Fiap, Cláudio Carvajal.
Durante a pandemia, muitos supermercados precisaram implantar um sistema de vendas online de última hora. Pensando no metaverso, também é bom começar a estruturar uma boa estratégia de marketing digital e repensar a experiência de compra, levando também a opção de se consumir dentro dessa realidade paralela de forma criativa, divertida e entregando valor para as pessoas.
“A interação com os clientes, que hoje é feita através das redes sociais, deve ser ampliada ao metaverso, para que haja conversão em vendas”, orienta Carvajal, dizendo que as novas gerações estão ávidas por transformações como essa.
Por outro lado, para muitas pessoas o metaverso é um universo ainda em construção e levará muito tempo para fazer parte do nosso dia a dia. Mas o fundador da GS Ciência do Consumo e presidente da Synapses S.A., Fernando Gibotti, traz um contraponto. “Considerando a atual capacidade de desenvolvimento tecnológico e a velocidade na adoção de novas tecnologias (o telefone precisou de 50 anos para atingir 50 milhões de usuários enquanto o Pokémon GO precisou de apenas 10 dias para alcançar a mesma marca), faz total sentido as empresas varejistas começarem a se preparar para essa nova forma de interação social.”
Para ele, o primeiro passo é deixar de encarar tecnologia como operação e despesa e considerá-la como estratégia e investimento. Além disso, cada vez mais, o consumidor busca conveniência e conforto na experiência de compras. “Por unir realidade aumentada, realidade virtual e big data para consumption behavior, o metaverso tem total possibilidade de satisfazer esses requisitos.”
Fazendo um recorte específico no varejo alimentar, o especialista acredita que a interação total com produtos e o conhecimento pleno de suas características poderão ajudar o cliente a fazer as melhores escolhas. “Como, por exemplo, ter informações precisas de um alimento que tem grande potencial de prejuízo à saúde se consumido repetidas vezes, ou ainda poder degustar produtos (cor, tamanho, modelo) em experiências digitais totalmente imersivas. ”
Grandes transações comerciais, como compra de imóveis e roupas, já estão acontecendo nessa realidade. No varejo internacional, muito cases podem ser mencionados. Só para citar um, a L’Oréal criou uma coleção 100% virtual de maquiagens para serem utilizadas em plataformas de videoconferência e nas redes sociais.
“O Walmart lançou sua visão sobre a relação dos clientes da marca com o metaverso. No vídeo de 2017 que voltou a circular pelas redes sociais, é possível ver um avatar passeando pela loja e interagindo com produtos disponíveis nas gôndolas virtuais”, destaca Gibotti, acrescentando que alguns varejistas brasileiros já estão se movimentando metaverso adentro.
Um exemplo é a Renner, que inaugurou uma loja dentro do game Fortnite, onde o público virtual participou da escolha das estampas que estão nas peças comercializadas na loja.