Recentemente foi revelado ao mundo inteiro que o Walmart já está se preparando para entrar no metaverso. Isso porque a gigante do varejo norte-americano começou a registrar patentes que sinalizam a criação de criptomoedas e tokens não fungíveis (NFTs) próprios.
Além disso, outros pedidos dão a entender que a rede vai começar a criar e vender bens virtuais (incluindo alguns itens de supermercado), e também já registrou sua marca em realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR). Para completar, o Walmart ainda firmou parceria com uma empresa de caixas eletrônicos de bitcoins para instalação em suas unidades dos EUA.
Sim, são muitas novidades, e é importante que o canal alimentar consiga analisar as camadas que estão por trás dessas inovações. “A primeira é a necessidade de disrupção”, diz a futurista e fundadora do movimento Crie Futuros, Lala Deheinzelin. A segunda é pensar nos vários ambientes de relação, venda e comunicação com o consumidor, já que o metaverso representa mais um ponto de contato, além das lojas físicas e virtuais.
Outro ponto destacado por Lala é a mudança no sistema financeiro, já que, de acordo com a futurista, a ideia de se trabalhar com uma única moeda, que é a oficial do país apenas, deve mudar em pouco tempo. “A gente, mais rapidamente do que acha, vai usar criptomoedas e outras moedas digitais. Há também a tendência do Global Token Exchange (GTE), que vai ser capaz de tokenizar valores, e o Walmart já está em sintonia com isso.”
Exercício pé no chão
Olhar as movimentações dos grandes players é um excelente exercício de inovação para os negócios, mas ainda é necessário evoluir nos primeiros passos de digitalização do varejo com relação à multi e omnicanalidade, além de focar em oportunidades que hoje são mais palpáveis para agregar tecnologia em lojas físicas, como o live commerce — estratégia que também cresce cada vez mais no Walmart desde 2020.
Pelo menos é nisso que acredita Camila Salek, especialista em varejo, relações de consumo e fundadora da Vimer | Retail Experience. “No segmento supermercadista há grandes oportunidades. Basta observar, por exemplo, como as postagens em torno de alimentação crescem nas redes sociais. Se estamos falando de comunidade, estamos falando de varejo e da oportunidade de gerar aproximação e conexão a partir de ativações fomentadas por diálogos”, compartilha Camila com os leitores da SuperVarejo.
Também é importante ouvir o consumidor e perceber como ele está respondendo a este movimento. “No varejo não existe uma linha final de chegada. O varejo é um processo e não um fim. Nesse setor ganhamos, perdemos e seguimos uma jornada contínua de aprendizado”, provoca.
As novas gerações e os muitos ‘Brasis’
Mesmo acreditando que não dá para os supermercadistas fecharem os olhos e acharem que o conceito é futurista demais, já que a velocidade das mudanças é intensa, o cofundador da Inteligência360 e pesquisador do FGVcev, Olegário Araújo, salienta que a questão do metaverso ainda vai amadurecer. “As empresas investirão porque é o caminho para se conectar com as gerações Z e Alpha, que são nativos digitais”, disse à reportagem da SuperVarejo.
Para ele, a pandemia forçou a horizontalização do uso da tecnologia. “Claro que temos muitas lacunas, dada a nossa realidade social com uma forte concentração de renda, e é preciso lembrar que os supermercados atendem todos esses públicos. Temos diferentes ‘Brasis’ e, consequentemente, momentos distintos das empresas.”
Além disso, muitos players ainda questionam a baixa rentabilidade ou prejuízo com o e-commerce e há quem desacelerou o investimento. Nesse caso, de acordo com o especialista, o indicado é continuar investindo na digitalização do negócio para não se distanciar no futuro e manter-se relevante para os clientes.
Para além do metaverso, é imprescindível que os líderes empresariais conheçam seus clientes, missões, jornadas de compras para, assim, entenderem o que fazer para atraí-los e em quais canais atuar. “O metaverso é o futuro, mas precisamos construir as bases desse futuro”, conclui Araújo.