Após cerca de 10% de queda nas vendas nos supermercados, em 2021, o enfraquecimento do consumo de lácteos vem impactando a arrecadação para toda a cadeia produtiva ainda nesse ano. Por conta disso, o mercado externo está tomando algumas alternativas para transformar esse número, como exemplo o aumento e diversificação de produtos, como a introdução e fortalecimento de categorias novas, como o leite A2 nas gôndolas.
A essencial diferença desse produto se refere a uma fração da caseína, uma das proteínas presente no leite. O leite classificado como A2 contém apenas a β-caseína A2, enquanto o leite convencional possui tanto a β-caseína A2 quanto a β-caseína A1. Na prática isso impacta na forma de consumo do cliente. Por não possuir a β-caseína A1, o leite A2 pode ser ingerido por pessoas que tenham sensibilidade ao peptídeo BCM-7, que é produzido durante a digestão da β-caseína A1. Ou seja, esse leite atende pessoas com dificuldade de digestão dessa molécula. Em caso de ingestão do leite convencional, esses consumidores podem sentir desconforto, produção de gases e fezes mais líquidas, sintomas inclusive que podem ser confundidos com a intolerância à lactose.
Segundo o National Institutes of Health, nos EUA, aproximadamente 20% a 25% das pessoas relatam algum desconforto após a ingestão de leite fluido. Esses sintomas são, provavelmente, causados pelo BCM-7, oriundos da digestão da β-caseína A1. “Esse é apenas um recorte de consumo a ser atendido pelo setor. Quando levantamos dados vemos que a menor parcela da população possui intolerância à lactose; e um número maior de consumidores tem essa sensibilidade, facilmente driblada com a ingestão de leite e derivados lácteos A2. Isso demonstra que há um mercado significativo que poderia estar comprando lácteos e que não está sendo atendido”, comenta a médica-veterinária e doutora em Produtividade e Qualidade Animal Helena Fagundes Karsburg, também responsável pela Gestão do Programa de Certificação VACAS A2A2 que permite no Brasil a produção e a comercialização dessa categoria.
Como posso ter esse produto no meu negócio?
Inicialmente é preciso identificar produtos certificados com o selo VACAS A2A2. De acordo com orientação do próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é necessário que a fazenda ou indústria seja certificada, assegurando a origem da obtenção do leite e toda a sua rastreabilidade. Após a comprovação de documentos e garantias de rastreabilidade de valor jurídico e auditáveis, é possível a menção direta no rótulo dos produtos.