Mesmo com o cenário da pandemia controlado, o mercado ainda sofre as consequências desse período, em especial, os colaboradores. Segundo a pesquisa Talkspace’s Employee Stress Check, feita por uma consultoria de saúde mental americana, metade dos profissionais pesquisados se sente esgotado e acha seu trabalho muito estressante. O estudo mostra que os principais motivos para a insatisfação no trabalho envolvem salário baixo (57%), esgotamento emocional ou burnout (51%), falta de flexibilidade da empresa (45%) e excesso de horas extras (44%).
Assim, o mercado corporativo mundial começa a ver o surgimento do ‘quiet quitting’, em português, demissão silenciosa. Ou seja, o colaborador exerce apenas suas funções básicas para se manter no emprego, sem assumir responsabilidades extras. De acordo com Patricia Ansarah, fundadora do Instituto Internacional em Segurança Psicológica (IISP), existem vários riscos que o quiet quitting traz para as empresas, todos desembocando nos resultados financeiros e sustentabilidade do negócio. “São colaboradores que cumprem as suas obrigações, mas que não adotam o lema de ‘senso de dono’. Isso pode ser muito prejudicial para as organizações atingirem suas metas”, avalia.
Para a fundadora do IISP, a pandemia causou mudanças drásticas na forma de trabalhar e isso deixou os profissionais sobrecarregados pela pressão por resultados. “Vimos um aumento exponencial nos casos de ansiedade, de burnout (esgotamento emocional) e, consequentemente, de baixa qualidade de vida. E este cenário foi fator fundamental para que o comportamento da demissão silenciosa surgisse”, afirma Patricia.
Líderes preparados e impacto nos supermercados
Para prevenir este comportamento em seus colaboradores, as empresas precisam preparar seus líderes para compreenderem o contexto e o impacto desse movimento, reavaliando prioridades e níveis de conexão com os times. “Incluir em suas pautas o tema de saúde mental e, principalmente, se colocar como parte do time assumindo a responsabilidade pelos indicadores de saúde e performance do time, é, e será cada vez mais fundamental”, explica.
Segundo Patricia Ansarah, o setor supermercadista está entre os mais impactados pelo quiet quitting, junto à saúde e educação, a partir de indicadores como absenteísmo, turnover, avaliação de desempenho, produtividade, aumento na folha de auxílio-doença, resultados de pesquisas internas de clima/engajamento, entre outros. “A liderança deve estar preparada para perceber quando o seu time está sofrendo e falar sobre isso, fazendo mais perguntas e dando menos respostas. É preciso que a liderança assuma seu lugar dentro do time e não acima dele, se aproximando de todos e encontrando soluções práticas juntos”, ensina.
Muito boa a matéria .